O aluno que perturba a classe, não respeita o professor, não faz suas tarefas de estudante; o cara que sabota os companheiros, aproveitador, e que entende que tudo na vida é fácil. O espertalhão que empurra o trabalho para o colega… Pessoas, na verdade, insuficientes, insustentáveis. Tornam o ambiente desconsertado e confuso, gerando aborrecimentos na família, na escola, enfim, por onde passam. Se acham moderninhos, aderem facilmente a modismos, defendem teses como eles próprios: insustentáveis. Esses infelizes pertencem à categoria dos boçais.
O mundo, infelizmente, está cheio desses tipos. Daí a hipótese de que caminhamos para um abismo. Grande parte dos noticiários de TV, mensagens em redes sociais giram em torno desses indivíduos, inimigos da sociedade. Engrossam a fileira dos violentos, cometendo crimes bárbaros contra a pessoa humana, contra a natureza, como meio de alcançar notoriedade e sustentação.
Michel Maffesoli, sociólogo francês, acredita que vem surgindo um movimento entre os jovens, que caminha na direção capaz de minimizar o número dos boçais, aumentando a população das pessoas responsáveis, que asseguram a sustentabilidade a si e à humanidade.
Como isso pode acontecer? A sustentabilidade humana se embasa em sentimentos como compaixão, caridade, humildade, afeto, perdão. Se embasa em gestos nobres como reconciliação e reconhecimento, só possíveis no amor, como nos ensina a religião. Entendendo religião, aqui, em seu significado mais profundo: Re-ligar. O que só é possível na alteridade, fora do individualismo, no bonito compromisso com o outro. O que satisfaz uma das necessidades mais prementes do ser humano: ligar-se a alguém, a alguma causa, o que só é possível, vale repetir, descartando totalmente o individualismo.
Religar, andar junto, solidarizar-se, compartilhar, são valores emergentes. Valores que não cabem na categoria dos boçais. Estes que se acham donos do mundo, que enferrujam tudo por onde passam, onde põem a mão, causando o caos na sociedade: mentindo, enganando, espalhando a corrupção nas corporações e nos mais diversos escalões do governo.
A sustentabilidade humana busca e fortalece sua origem no exercício e vivência de valores comprometidos e virtuosos, aquecendo e libertando a alma humana, dando significado à existência. Que nesse ano, nessa nova década que se inicia sejamos capazes de vivenciar esses valores emergentes.